sábado, 18 de junho de 2011

Maria Gadú - (Por: Ana Carolina Ferreira)

Por: Ana Carolina Ferreira (@Anacf4)

E de longe se ouve a leve brisa aconchegante,
Aquela em que se levantam os fios, e rasga no interior, de baixo da Cútis
E os ouvidos se levantam com vida própria, e os braços procuram algo novo
É aquela janela que se abre pela manhã, vagarosamente, arranhando os punhos e o ranger da madeira velha
É o cheiro de panos guardados, limpos, macios,
Aqueles que se abraçam com as curvas de seu corpo
A esperança das cores das grandes palmeiras que agitam, chamam e dividi sutilmente seu espaço com a grande estrela luminar, aquela que te aquece sem precisar, sem pedir, sempre ali.
A imensidão de pequenos fragmentos de uma mistura que me parece açúcar e algodão, como se fossem filhotes de uma única mãe, seguindo de volta á sua casa antes do entardecer.
- E aí, debaixo rasga de novo, como descamas.
É aquelas covinhas, espelhos de felicidade.
É aqueles pequenos leques que a cada piscar libera fios de ouro que com a perfeita harmonia acompanha cada nota que se move com os lábios pra dentro,
E jorram doçuras e veludos pra fora, direto aos meus ouvidos, sem quaisquer desvios.
O Balancê pra lá e pra cá, escondem o desejo de se jogar feito peixe em cachoeira precipícia.
A ponta dos dedos redondos que revelam ansiedade nos vestígios de unha, deslizam sozinhos sobre as cordas amarradas ensaiando coreografias, e quando acabam, correm logo pra de baixo de seu esconderijo preferido.
Esconderijos tortos, finos, que se andam corcundos, procurando alguma saída na timidez sem sentido.
- E aí, mais uma vez, rasga de novo, e grita cada vez mais alto.
Como se chorassem pela posse dela, e o entendimento de seus sentidos tão ocultos, de cada olhar, de cada risca no seu rosto.
Inexplicável confronto dos gostos impostos naturalmente, e o estranho desejo meu, pelo que não é oposto, linda exceção.
E como se chorassem pelos destinos não encontrados.
Como se conformassem por ter apenas o dever de admirá-la.
Apenas a grande honra de amá-la.
Pois a minha perfeição é apenas esta: um banco, um violão e ela. Definitivamente não existe nesse mundo, ou talvez, apenas exista nestes meus pensamentos, e que nunca seria capaz de sentir por nenhuma outra pessoa que exista aqui.
Não assim, nem com essa intensidade, nem com essa generosidade de se dar por satisfeita só de ouvir sua voz, ou sonhar com seu sorriso no meu.
- E mais uma vez, sangra aí debaixo.

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